Sinto-me péssima, mas ainda lúcida o bastante para entender que a vida é um ciclo interminável de idas e voltas.
"Os sonhos vêm, os sonhos vão, o resto é imperfeito". Renato Russo.
E é mais ou menos como aquela música interpretada pela Maria Rita: "Todos os dias é um vai e vem / a vida se repete na estação / Tem gente que chega pra ficar / Tem gente que vai pra nunca mais / Tem gente que vem e quer voltar / Tem gente que vai e quer ficar / Tem gente que veio só olhar / Tem gente a sorrir e a chorar" [Encontros e Despedidas].
E também sei que, às vezes, dá uma vontade insana de jogar tudo pro alto... Mas por quê? Pra quê? Por QUEM?
Todas as nossas escolhas são feitas por causa de outras escolhas feitas por outras pessoas. Não somos livres. Não queremos ser...
Eu nunca chorei uma lágrima sequer porque olhei no espelho e decidi não gostar mais de mim. Se um dia eu não me amei, foi porque descobri não ser amada por uma outra pessoa.
Todas as escolhas me foram brutalmente arrancadas no dia em que inventaram um segundo ser humano.
Não mais respirei por mim. Não mais escolhi as roupas que usaria por achá-las belas. Não mais arrumei meu cabelo do jeito que realmente gosto.
Tudo que fiz foi pensando naquele que um dia me atiraria a primeira pedra. Sem dó. Sem piedade.
Os amigos se afastam com a velha desculpa de que fomos nós quem deixamos de ligar ou de atender aquela ligação que nunca aconteceu. Fazem isso para se sentirem menos culpados. Fazemos isso o tempo todo também.
E é assim que as pessoas se tornam substituíveis. É assim que nos tornamos copos descartáveis. Sem marca. Sem cor. Apenas um copo usado para beber água num dia de sede.
A vida passa e com ela nós passamos.
"E a cada hora que passa envelhecemos 10 semanas". Renato Russo.
E é sempre da mesma maneira: quem pensamos que vai morar para sempre nas esquinas de nossa alma é sempre o primeiro a partir.
Partem sem dizer adeus. Partem sorrateiramente, embalando a mudança de madrugada, para não serem notados. Partem aos poucos, sem deixarem vestígios.
E se o para sempre sempre acaba, por que ainda nos machucamos tanto?
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